quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A saga de dois cegos

A saga de dois cegos
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Eu pegando elevador
ela iluminando o ambiente.

Ela de vestido longo
eu de óculos escondendo meu pensamento.

Eu saltei
ela ficou.

Seu sorriso era lindo,
porém o mais estava na lindeza
pureza de olhar.

Ela estava na festa feliz
eu estava cansado do trabalho
do trabalho de olhar pra ela.

Seus cabelos longos não negavam o sorriso
sorriso de quem queria amar alguém desesperadamante
sonho de quem apenas sonhava
sonho de ausência de amar.

Ela sorria brincava cantava bebia
ela fugia de si mesma sem saber
eu fugia meu olhar atras do olhar dela.

Ela não via minha timidez
eu não via nada a não ser ela.

Ela fugia
eu andava
sonhava.

A festa acabou e a vida continuou,
trabalho
casa
trabalho
até quando tiver de ser.

Quando a encontrei de novo,
ela viu algo que não via,
mas não dizia.

Apenas sorria.

Quando a encontrei faltava algo,
algo que lhe fora tirado,
cuja esperança não sabia dizer.

O seu olhar eu não via,
mas o coração falou por mim
sem nada dizer.

Silêncio se fez com palavras que queriam dizer
dizer que nada diziam
pelo medo de dois cegos de viver.

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Leonardo Molinari

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